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Morte
por covid-19 entre não vacinados é maior que entre pessoas imunizadas
O estudo
analisou 8.283 mortes inseridas pelos 645 municípios no sistema Sivep-Gripe
entre as semanas epidemiológicas 49 e 8, período de maior prevalência e
circulação da variante Ômicron.
A proporção de mortes por covid-19 entre pessoas
que não foram imunizadas no Estado de São Paulo é maior do que entre aqueles
que completaram o esquema vacinal, de acordo com dados divulgados pela
Secretaria de Estado da Saúde (SES) nesta segunda-feira, 14, e coletados entre
5 de dezembro de 2021 e 26 de fevereiro de 2022.
Segundo os dados da SES, publicados pela Folha
de S.Paulo e confirmados pelo Estadão, o número de
pacientes que foram a óbito por covid é 26 vezes maior nos que não foram
imunizados do que entre as pessoas vacinadas no Estado. O estudo analisou 8.283
mortes inseridas pelos 645 municípios no sistema Sivep-Gripe entre as semanas
epidemiológicas 49 e 8, período de maior prevalência e circulação da variante
Ômicron. Entre elas, 7.942 foram consideradas no levantamento, pois eram as que
possuíam preenchimento com relação ao campo de vacinação no sistema oficial.
No período, o número de mortes ocorridas entre os
não vacinados foi de 332 por 100 mil habitantes, contra 13 de pessoas que
estavam com o esquema vacinal completo com duas doses. Os dados também
apontaram que os óbitos foram 69% maiores em vacinados com apenas uma dose, ou
seja, 22 mortes por 100 mil habitantes, se comparado com aqueles que tomaram
duas doses.
"Os dados mostram o impacto dos índices de
vacinação no Estado de São Paulo, que hoje tem quase 90% da população elegível
vacinada com as duas doses. Mesmo com a circulação de uma variante mais
transmissível, que é o caso da Ômicron, os números comprovam que São Paulo fez
a escolha certa em apostar na ciência e na vacinação como as principais medidas
de enfrentamento da pandemia da covid-19", afirmou a coordenadora do
Programa Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula.
A análise considerou a população elegível para a
vacinação no estado paulista, que é de 43,2 milhões de pessoas e,
fundamentalmente, as mais de 100 milhões de doses aplicadas durante toda a
campanha. Segundo a pasta, aproximadamente 717 mil pessoas não tomaram nenhuma
dose.
O efeito da vacinação na queda de mortes e casos já
é reconhecido em todo o mundo no contexto da pandemia. A proteção com o esquema
vacinal completo e a dose de reforço é medida indispensável para o combate à
doença. Especialistas apontam, porém, que é preciso cautela na hora de
interpretar o número de óbitos como uma consequência exclusiva da não
vacinação.
Não foram apresentados pela SES, entretanto, outros
dados considerados "fundamentais" por especialistas para que a
análise seja irrefutável, como idade dos pacientes, tipo de internação (UTI ou
enfermaria), presença ou ausência de comorbidades.
"No fundo, precisamos de uma descrição clara
do universo e dos critérios de confirmação para a causa do óbito, como
distribuição etária, a forma que foi feita a confirmação da vacinação - com
dados do Sivep ou autodeclarada - etc.", aponta o epidemiologista e
professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Eliseu
Alves Weldman. "Pode ser que a análise esteja correta, mas apenas com
essas informações não podemos afirmar com certeza."
José Cássio de Moraes, ex-diretor do Centro de
Vigilância Epidemiológica de São Paulo, observa que a proporção de mortes divulgada
pelo Estado de São Paulo parece alta quando comparada com outras pesquisas
recentes, mas reforça que a segurança e eficácia das vacinas ao impedir os
óbitos é irrefutável. "É uma eficácia que também varia de acordo com a
idade e o intervalo entre a última dose e o ponto analisado. Precisaríamos
descobrir como seria esse risco relativo também por faixa etária, até porque
a própria variante Ômicron é menos grave do que as anteriores."
"Claro que temos várias observações
metodológicas, mas não acho que seja o caso de fazermos uma avaliação
científica rigorosa desses dados, porque eles vêm do Estado de São Paulo, que
tem uma das melhores notificações e sistemas de vigilância epidemiológica mais
atualizados do Brasil", avalia Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz
Amazônia. "Os dados são muito consistentes e robustos, que mostram como o
esquema vacinal completo ou pelo menos duas doses é o que fez a diferença
durante o pico de transmissão da Ômicron."
Brasil tem 10 milhões de idosos com dose de reforço
contra a covid atrasada
O Brasil tem 10 milhões de idosos com a dose de
reforço contra a covid-19 atrasada, indicou um levantamento do Ministério da
Saúde divulgado na quinta-feira, 10. A dose de reforço é considerada
fundamental para prevenir infecções, hospitalizações e óbitos pela doença,
principalmente entre os grupos mais vulneráveis. As informações, ainda
preliminares, soam o alerta sobre a necessidade de estratégias de mobilização
para incentivar a vacinação com a terceira dose.
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